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5 de fevereiro de 2012

FRANCISCO FREIRE ALLEMÃO DE CYSNEIROS - O Frei Alemão


FRANCISCO FREIRE ALLEMÃO DE CYSNEIROS

Filho de lavradores da região da Serra do Mendanha, Francisco Freire Allemão de Cysneiros nasceu fevereiro de 1797, numa antiga fazenda situada na freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande (atualmente zona oeste da cidade do Rio de Janeiro). Faleceu em 11 de novembro de 1874, no mesmo local de nascimento. Seus estudos sobre espécies vegetais do Brasil eram enviados à Europa, e muitos lhe conferiram a fama de "primeiro fitografista da América do Sul" (GAMA, 1875, p.71). Em estudos botânicos, fez descrições de plantas raras brasileiras;

Sua produção intelectual é inúmera, que seria impossível descrever todas aqui. Citamos apenas algumas, tais como:

- Cana-de-açúcar. Investigações da sua introdução no Brasil. Conferência pronunciada nasal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 16 de maio de 1856". Rio de Janeiro: Tip. Serv. Inform. Do Ministério da Agricultura, 1929.

- O cafezeiro (caffea arabica, Lin.). maio de1856.

- Anomalias na inflorescência do milho (Zea Mays). Revista Brasileira, III, p.6-7, 1869.

Em sua trajetória profissional, Frei Allemão, segundo historiadores, por não possuir os recursos financeiros necessários para dedicar-se à carreira científica, inicialmente tornou-se sacristão. Outros, dizem, que seu pai alistou-o numa milícia (segunda linha), para evitar que ele fosse recrutado para as sangrentas lutas que ocorriam na província da Cisplatina em 1801. Sua mãe, insatisfeita com tal solução, teria solicitado ao padre Luis Pereira Duarte que o aceitasse como sacristão e assim pudesse retirar-se do serviço de militar, ocorrido mais tarde. Freire Allemão aprendeu a gramática latina. Ingressou no Seminário Episcopal São José, na cidade do Rio de Janeiro, em 1817, onde teve lições de história da Igreja, teologia moral e dogmática, grego, francês, inglês, espanhol, hebraico, latim, tendo inclusive, participado de cursos de física e mecânica. Tendo Luis Pereira Duarte, como seu protetor,
Para conseguir meios de sustento, decidiu pelo abandono da carreira sacerdotal, onde proferiu aulas particulares de latim, para meninos, e de primeiras letras para moças.
Após a dispensa militar, retornou a cidade do Rio de Janeiro. As dificuldades de ordem financeira o impediam de ingressar em uma escola de medicina e em face da situação, seu irmão mais velho Antônio, de mesmo sobrenome, que cursava o segundo ano da Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, ofereceu-lhe ajuda financeira e também os primeiros ensinamentos de osteologia.
Em 1822 ingressou na Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, onde diplomou-se como cirurgião-aprovado, em 1827. Freqüentou a Université de Paris, a convite do Governo francês, quando foi aluno do químico Jean-Baptiste Dumas e do naturalista Georges Léopold Chrétien Frédéric Dagobert, o Barão Cuvier. Doutorou-se em medicina na Faculte de Médecine de Paris, em 1831, com defesa da tese intitulada "Dissertation sur le goitre".
Estudou botânica e zoologia médicas (1833-1853) da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, sendo jubilado em 1853. No curso de botânica médica e princípios elementares de zoologia apresentava lições teóricas orais com demonstrações práticas com espécies vegetais e também proporcionava aos alunos excursões botânicas pelo Rio de Janeiro (SANTOS FILHO, 1991).
Atuando também na politica, foi suplente de deputado pela Assembleia Legislativa Provincial do Rio de Janeiro, na 1ª legislatura (1835-1837).
Foi designado como médico da Imperial Câmara em 1840, tal indicação decorreu do fato por ter conseguido curar o Imperador Pedro II de uma enfermidade.
Integrou a comitiva imperial (1843), encarregada de acompanhar a vinda, de Nápoles ao Rio de Janeiro, da noiva do Imperador Pedro II, a então princesa D. Teresa Cristina, irmã de D. Fernando (Rei das Duas Sicílias). Posteriormente foi professor de botânica das princesas Isabel e Leopoldina.
De 1858 a 1866 foi professor de ciências físicas e naturais na Escola Central, onde lecionou a cadeira de botânica, tendo recebido o título de major, como determinava o regulamento daquela instituição. sendo admirado por seus alunos.
Foi presidente e chefe da seção botânica da Comissão Científica de Exploração (1859-1861), proposta pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que era composta de naturalistas e de engenheiros e tinha como objetivo a exploração científica das províncias do norte e nordeste do país. Esta Comissão, que ficou conhecida como "Comissão das Borboletas", foi concretizada pela Lei de Orçamento e Despesas para os anos de 1857 e 1858, e organizou-se por seções: Botânica (Francisco Freire Allemão de Cysneiros), Geológica e Mineralógica (Guilherme Schüch de Capanema), Zoológica (Manoel Ferreira Lagos), Astronômica e Geográfica (Giacomo Raja Gabaglia), Etnográfica e Narrativa da Viagem (Antônio Gonçalves Dias).
A Comissão deixou o Rio de Janeiro em janeiro de 1859 e percorreu o Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, tendo sido chefiada por Manoel Ferreira Lagos. Nesta viagem Frei Allemão teve a seu lado, Manoel Freire Allemão, seu sobrinho. No Ceará foram colhidas 20.000 amostras de plantas, e muitas destas amostras, assim como instrumentos e outros materiais, foram incorporados ao acervo do então Museu Imperial e Nacional, no Rio de Janeiro.

Frei Allemão participou de diversas associações profissionais e sociedades médicas, tendo feito parte do primeiro quadro da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, posteriormente denominada Academia Imperial de Medicina, da qual foi presidente em duas ocasiões (3º trimestre de 1832; 1838-1839). Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e da Sociedade Philomatica, membro honorário do Imperial Instituto Médico Fluminense, fundador e presidente da Sociedade Vilniana do Rio de Janeiro (1850-1856), e presidente da Sociedade Valenciana. Presidiu, em 1874, a comissão de botânica e zoologia do Instituto Farmacêutico do Rio de Janeiro.
Foi fundador e presidente da Sociedade Velosiana de Ciências Naturais, cuja sessão preparatória realizou-se, em 27 de julho de 1850, no Museu Imperial e Nacional, e teve sua sessão de abertura no dia 18 de outubro do mesmo ano. Esta associação foi idealizada por ele, com a idéia de reunir naturalistas na capital do Império, para estudar todos os objetos pertencentes à história natural do Brasil. Segundo Maria Margaret Lopes (1997), seu rigor científico e sua compreensão sobre o quadro das ciências naturais no Brasil, o teria levado a restringir, inicialmente, o número de sócios, incorporando somente aqueles que tenham produzido trabalhos originais nos campos da zoologia, botânica e mineralogia. A Sociedade Velosiana de Ciências Naturais era organizada por comissões permanentes, de mineralogia, de zoologia, de língua indígena, e de botânica, da qual ele próprio participava.
Em 1866, presidiu a comissão, da qual participavam Ladislau de Souza Mello Netto e Custódio Alves Serrão, destinada ao estudo e classificação de vegetais para o pavilhão brasileiro na Exposição Universal, a realizar-se em Paris no ano seguinte.

Em 10 de fevereiro de 1866 foi nomeado diretor do Museu Imperial e Nacional, cargo que ocupou até o ano de 1870, embora problemas de saúde o tenham afastado desta função em alguns momentos.
A fitografia, a histologia e a fisiologia vegetal foram, por mais de meio século, objetos de seus estudos e descobertas, especialmente as plantas dicotiledôneas. Era um ótimo desenhista, e realizou inúmeras herborizações, durante as quais observava cuidadosamente todos os detalhes, calculava a altura do tronco, media sua circunferência, e indagava a respeito do nome vulgar e das propriedades. As amostras colhidas eram analisadas, e caso fossem de espécies desconhecidas nos anais da fitografia, procedia com todos os procedimentos necessários para a apresentação de um tipo novo.

Francisco Freire Allemão de Cysneiros descreveu muitas plantas, sendo que muitas destas conservam o nome dado por ele e criou numerosos gêneros.
Frei Allemão, cunhou o nome científico a 45 tipos da flora brasileira. Segundo Maria Margaret Lopes (1997) muitos destes tipos novos foram admitidos na "Flora Brasiliense", de Karl Friedrich Philipp von Martius, alguns foram incorporados como sinonímias e vários se mantiveram até os dias atuais.

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