Está bem próximo de
se concretizar o início de nossa jornada na Estrada Real. Logicamente não será
percorrida toda à extensão dos 1400 km em buscas de histórias já consagradas e
contidas em afamadas literaturas que falam do Caminho Velho e do Caminho Novo.
São encantadores os relatos escritos de fatos ocorridos nas extensões desses
caminhos, nos “adamantinos” e da “serra resplandecente”. Nesses sim, vamos percorrer e num deles, faremos
a pé.
Ao longo do período
colonial, sucessivos movimentos de penetração registravam ocorrências do
encontro de metais preciosos, e com eles, fatos ocorridos que se perderam ou
não foram anotados, mas é possível notá-los em lendas e “causos”, que se
ilustram a partir dos surgimentos de núcleos de atividades extrativas, nos
quais, apesar do caráter geralmente modesto, atraiam na época, pioneiros para a
produção de riquezas supostas abundantes.
Muitas dessas
incursões sertanistas foram malogradas, que deixaram na bancarrota afamados
nomes, que se sustentavam em “opulentas
lorotas”. Quem diria que um desses foi o próprio Caçador de Esmeraldas, que
vendeu todo o seu gado, ouro e prata, juntando 6 mil cruzados para armar sua
própria bandeira, que na ocasião, sua esposa Dona Maria Garcia Rodrigues Betim, muito mais jovem, implorou-o para
que não se empreitasse nessa jornada, pois além da avançada idade, já havia
"torrado" as economias da família para montar a que se tornaria a
famosa bandeira das esmeraldas.
Vamos buscar fatos
que mesmo escritos em documentos, não agraciou caminhantes e cavaleiros, alguns
sem conhecimento acadêmico; que não foram intitulados como naturalistas, mesmo
por seus relatos devidos os seus aos olhares atentos e curiosos e que não eram
financiados por governos europeu.
Museu do Ouro - Sabará/MG |
Inúmeros relatos e manifestos se perderam, não foram
consagrados por historiadores ou simplesmente estão ocultos em manuscritos
empoeirados em bibliotecas, protegidos em redomas ou sem permissões de serem
folheados. Muitos relatos são manifestos relacionados as atividade econômica,
com estímulos ao comércio de gêneros e à produção agrícola e pecuária. Outros,
não denigrem, mas demonstram as práticas desrespeitosas ao meio ambiente, já
aquela época, pois muitos se preocupavam apenas com a mineração ou com as
nocivas, mas necessárias monoculturas.
Os exemplos desses
relatos, temos o de Saint-Hilaire, que constata em um trecho da Estrada Real: “Os morros que a rodeiam são cobertos por
uma relva pardacenta e exibem a imagem da esterilidade”. E ainda: “todo o
sistema de agricultura brasileira é baseado na destruição de florestas e onde
não há matas, não existe lavoura.”
Os de Joaquim Felício dos Santos, escrevendo em 1862, identificando o mineiro como: Alegre, pródigo, descuidado, indiscreto, só
vê o presente; o agricultor é severo, econômico, amante da riqueza,
desconfiado, circunspecto e inimigo dos prazeres ruidosos... a vida do
agricultor é tranqüila, pacífica, serena; ele só se inquieta com as irregularidades
das estações; a vida do mineiro, por seu turno, seria cheia de azares, de
vicissitudes”.
O de um
insatisfeito tropeiro que relata: “Do
alto da Mantiqueira, descia-se as vertentes do Rio Verde, já em território de
Minas Gerais, passando-se pelos pinheirais, cujos frutos sustentavam os mineiros,
comuns as roças de milho, feijão e outros gêneros alimentícios que, junto com
animais domésticos, são vendidos por preços exorbitantes”.
Estrada Real (caminho do Sabarabuçu) |
Dessas riquezas iremos a buscas, De Iguaçu ao Sabarabuçu entre Velhos e Novos Caminhos
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